O desafio de enfrentar a questão da reflexão é tão complexo quanto a própria ação. O fazer por fazer, a prática irrefletida, as ações como um fim em si mesmo, são continuamente e agressivamente questionados. A mensagem que se apregoa é: seja coerente. Suas ações precisam adequar-se aos seus saberes (reflexões).
Refletindo superficialmente sobre o meu fazer, me vejo semana após semana, tentando dar conta do trabalho, o que de fato, não consigo; e ainda me sinto ousada e errada por roubar algumas horas dele para conseguir ter a impressão que vivo além dali. Me parece, que tornei-me aquilo que sempre questionei. Mas eram questionamentos ingênuos, sem vivência alguma, e talvez por isso já não me sinta mais culpada por ser o que antes não queria. Importa viver com o que sei agora.
Mas o tempo passa, e incomoda-me algumas faltas que antes não faltavam. Não me faltam planos, esses tenho muitos; mas faltam sonhos. O processo de aprender a lidar diariamente com demandas reais, me submerge, me engole, e me traga, de tal modo que, até sonhar de brincadeira dá medo e parece incoerente.
Semana após semana faço coisas sem a devida reflexão, falta tempo. Em saber que, perder tempo com reflexões poderia conduzir ao confronto entre aquilo que aceito e o que recuso. Recusando, mais tempo para refletir eu teria. Mas meus olhos aprenderam a entender tudo como oportunidade, não descarto novos inícios, mesmo que eles sejam obstáculos para outros finais. Eu mesmo me mantenho presa.
Talvez, muito em meus olhos precisam ainda enxergar. Pois também vejo todos a minha volta, desenfreadamente, fazendo e produzindo. Todos parecem dar conta, além de que, demonstram refletir a respeito de suas práticas. A verdade é que ninguém sabe direito porque está fazendo, fingem entender, e estas demonstrações me deixam um tanto confusa e com relapsos de inferioridade, porque ou estou enganada por achar que as pessoas se enganam, ou preciso parar, definitivamente, com o costume de demonstrar fraquezas e não-saberes mais do que os demais. Tais sentimentos passam a impressão de insegurança aos olhos de quem observa, de quem julga e de quem não reflete.
Semana após semana se torna mais difícil descrever que reflexão há por trás das tão cansativas ações semanais. E estranho não é o que eu faço por fazer, ou aquilo que por falta de tempo eu deixo de fazer, estranho é a certeza que é assim mesmo que as semanas continuam, as quais eu aceito com cada vez menos estranheza.
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