terça-feira, 4 de outubro de 2011

Despertecimento


Minha solidão não reside nos momentos em que me encontro aparentemente só.
Ficar só é coisa rara. E já não recordo quando foi a última vez que assim estive.
Mesmo sozinho, a gente fica entretido com tanta coisa.
Mas sinto falta daquela solidão que só encontro quando afasto de mim todas as ansiedades pelas coisas concretas, problemas reais e pensamentos alheios. Parece que é só nessa solidão que eu ouço a mim mesma, e percebo como está a minha alma.
Tanta coisa ocupou minha solidão...Tenho falado sobre o desenvolvimento motor do ser humano; discutido sobre Deus; estudado as políticas sociais;  mas não tenho refletido sobre nada, não me sobra tempo, forças, vontade...
Quem está vivendo em mim, eu quase não conheço mais, porque resolvi ceder. Um sopro só não faz vendaval. E só tenho acredito nisso porque não tenho mais tempo pra julgar a mim mesma; as responsabilidades da vida consumiram as minhas forças de lutar; nadar contra a correnteza; o pássaro livre que eu tanto preguei, se perdeu, já não canta mais.
Olho hoje para essas supostas liberdades que fui apegada por tanto tempo, e considero utopias. Nem mesmo reler o pequeno príncipe me fez redescobrir a criança que habita em mim. Parece que já não há mais nada que me resgate dessa realidade tão fria. Parece que já não há mais nada que me leve dinovo aquela antiga solidão... que me revestia de forças, esperanças, alegrias e coragem, mesmo que pequenas.
Talvez, a vida esteja tentando me colocar no meu lugar - deixar a meninice.
Talvez, eu nunca mais volte a ser aquela menina sonhadora.
Talvez, viver seja pura futilidade mesmo, a qual eu devo me acostumar.
E então, eu finalmente entendo que nada há de especial em mim, sou comum.
Aquela solidão que enfatizava minha singularidade não existe mais.
Ela ficou só.

 

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