sábado, 27 de março de 2021

Sobre o tempo



‎'Enquanto penso, o ponteiro do relógio continua a girar.
Ele não espera até que eu alcance alguma conclusão,
nem deixa de girar quando entendo um porquê em mim.
O tempo está presente.
E até quando meus ouvidos vão ouvir esse continuar do tempo, eu não sei.
Sei apenas que enquanto os ponteiros entonam a canção do tempo, a vida acontece.
Quer eu queira, quer não.
O tempo não pára para me esperar estar pronta pra continuar.
Ele continua, e quanto a mim, eu escolho continuar com ele'.

Sobre coragem.



Da coragem, não sei se entendo.
De medos, entendo bem.
Por medo, nunca fui atrás de luta alguma,
mas as que até mim vieram,
corajosamente enfrentei.

Sobre sofrer

Certa vez, li a frase:

"Fiquei acordado toda a noite com dor de dente, pensando sobre dor de dente e sobre ficar acordado". 

Isso funciona para a vida. 

Parte de todo tipo de privação é, por assim dizer, o seu reflexo ou sombra correspondente:

O fato de que você não apenas sofre, mas tem de continuar pensando no fato de que está sofrendo. 

Não só vivo meu luto a cada dia interminável como também vivo a cada dia pensando sobre o que é viver todos os dias em luto. 


Trecho extraído da obra "Anatomia de uma dor", de C.S. Lewis. 

Para ser inteiro.


Lembro-me sempre de uma história que li na infância sobre o círculo no qual lhe faltava um pedaço. 

Tal círculo girava devagar, buscando por um pedaço que nele se encaixasse e, assim,  pudesse novamente ser um círculo completo e inteiro. 

Nessa busca, fez amigos, apreciou as flores, sentiu diferentes aromas, ouviu o canto dos pássaros. 

Até que um dia encontrou um pedaço que se encaixou perfeitamente nele, mais do que depressa, colocou-o e saiu girando rápido como antes. 

Então percebeu que tudo que conheceu e desfrutou quando lhe faltava uma parte não podia mais ser percebido na velocidade que agora girava. 

Parou, retirou dele aquele pedaço, e passou a girar devagar, bem devagar. 

Lembro-me que a história terminava com a seguinte moral: "somos mais inteiros quando nos falta um pedaço".


Essa história me ensina que aceitar as faltas, as perdas, os prejuízos, os nãos... são imprescindíveis para a minha inteireza.

sexta-feira, 26 de março de 2021

A vida.



Carrego em meu ventre uma criança que pode ter sua vida interrompida antes mesmo de nascer. 

Carrego dentro de mim uma filha que pode me deixar antes de eu ver o seu rosto.

Carrego dentro de mim outro coração que, de repente, pode parar de bater. 

Te carrego em mim, sem domínio algum sobre você. 

E sou grata a Deus por isso: por estar nas mãos dEle o poder da vida e da morte.

Minha filha está em mim, mas é dEle. Eu a carrego, mas a sua formação vem do Senhor.

A única coisa que posso fazer, é confiar nEle e em sua vontade.

Ele que tem todos os nossos dias contados, e conhece da nossa vida antes da gente vivê-la.


Sobre o texto:

Escrito em 25 de abril de 2020, na  turbulenta gestação da Aimée que, graças a Deus, nasceu em 30 de setembro de 2020.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Sobre a história

Somos seres históricos.
Temos uma história. Sabemos de histórias. Fazemos história.
Não há ninguém sem história.
A história tem o potencial de explicar coisas, fatos e pessoas.

Quanto mais sabemos sobre a história de algo, mais propriedade temos para falar sobre aquilo. Quanto mais sabemos sobre a história de uma pessoa, mais a compreendemos, aceitamos e respeitamos. A história explica quem somos e o porquê de sermos como somos. Conhecer a história nos faz compreensivos, tolerantes e, de certa forma, responsáveis.

Quando desconsideramos o outro e sua história, estamos desconsiderando todos os processos que levaram a pessoa a se tornar assim. Mas quando estamos dispostos a conhecer e considerar a história do outro, esse conhecimento parece dar raízes e profundidade ao relacionamento: entendemos suas ações e reações. A relação se torna sólida e mais difícil de ser rompida.

Pense nas pessoas que são especiais para você... possivelmente são as que você mais tem histórias e as quais você mais sabe sobre elas.

Se a história nos ajuda a compreender melhor as coisas, as pessoas e a nós mesmos... pense o quanto é importante o conhecimento a respeito da história de Deus. Contudo, conhecemos a Deus?

Deus se revela na sua palavra. É ali que podemos conhecê-Lo verdadeiramente e, não, superficialmente. Uma vida de leitura e meditação na palavra nos faz conhecer a história do mundo, a história de Deus e de Cristo e, consequentemente, a nossa própria história... que foi escrita ali.

Além disso, precisamos de relacionamento com o dono do tempo e de toda história para viver a história que Ele tem pra nós. E isso só é possível por meio da Bíblia. É ela quem nos conta sobre o único caminho, verdade e vida: Cristo. E é nEle e na sua história de sacrifício na cruz que a nossa história poderá ser transformada.

[escrito em janeiro de 2017]

sábado, 10 de janeiro de 2015

Comum



O comum comunica sobre a tragédia. 
Ela vem mansa e disfarçadamente.
A olho nu, ninguém há que possa identifica-la. 
De repente, ela vem.

Tragicamente. E trai,
a certeza de que o comum permaneceria assim.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ações semanais


   


O desafio de enfrentar a questão da reflexão é tão complexo quanto a própria ação. O fazer por fazer, a prática irrefletida, as ações como um fim em si mesmo, são continuamente e agressivamente questionados. A mensagem que se apregoa é: seja coerente. Suas ações precisam adequar-se aos seus saberes (reflexões). 
   
    Refletindo superficialmente sobre o meu fazer, me vejo semana após semana, tentando dar conta do trabalho, o que de fato, não consigo; e ainda me sinto ousada e errada por roubar algumas horas dele para conseguir ter a impressão que vivo além dali. Me parece,  que tornei-me aquilo que sempre questionei. Mas eram questionamentos ingênuos, sem vivência alguma, e talvez por isso já não me sinta mais culpada por ser o que antes não queria. Importa viver com o que sei agora.

     Mas o tempo passa, e incomoda-me algumas faltas que antes não faltavam. Não me faltam planos, esses tenho muitos; mas faltam sonhos. O processo de aprender a lidar diariamente com demandas reais, me submerge, me engole, e me traga, de tal modo que, até sonhar de brincadeira dá medo e parece incoerente.

     Semana após semana faço coisas sem a devida reflexão, falta tempo. Em saber que, perder tempo com reflexões poderia conduzir ao confronto entre aquilo que aceito e o que recuso. Recusando, mais tempo para refletir eu teria. Mas meus olhos aprenderam a entender tudo como oportunidade, não descarto novos inícios, mesmo que eles sejam obstáculos para outros finais. Eu mesmo me mantenho presa.

    Talvez, muito em meus olhos precisam ainda enxergar. Pois também vejo todos a minha volta, desenfreadamente, fazendo e produzindo. Todos parecem dar conta, além de que, demonstram refletir a respeito de suas práticas. A verdade é que ninguém sabe direito porque está fazendo, fingem entender, e estas demonstrações me deixam um tanto confusa e com relapsos de inferioridade, porque ou estou enganada por achar que as pessoas se enganam, ou preciso parar, definitivamente, com o costume de demonstrar fraquezas e não-saberes mais do que os demais. Tais sentimentos passam a impressão de insegurança aos olhos de quem observa, de quem julga e de quem não reflete.

     Semana após semana se torna mais difícil descrever que reflexão há por trás das tão cansativas ações semanais. E estranho não é o que eu faço por fazer, ou aquilo que por falta de tempo eu deixo de fazer, estranho é a certeza que é assim mesmo que as semanas continuam, as quais eu aceito com cada vez menos estranheza.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Conceituando a prática



(In)Determinadas época da vida, 
conhecemos e compreendemos alguns conceitos
de diferentes naturezas, 
e passamos a comparar nossas práticas 
com base no conhecimento sobre o conceito.

Entendemos, então, que muito em nós... 
não era válido, ou mesmo, verdade!

A partir dessa descoberta, nos tornamos mais céticos, 
menos ingênuos, e um tanto mais desconfiados de nós mesmos, 
por medo de sermos, novamente, 
presas da falta de conhecimento sobre aquilo que acreditamos. 

Os conceitos mostram a verdade de "quem somos", 
e o porquê de tantas experiências 
que não tiveram sucesso ou constância. 

A questão, entretanto, é que 
o conceito nos revela as mentiras em nós mesmos, 
mas não nos dá a verdade. 

Passamos então, a viver desorientados:
nem mais escravos da ingenuidade, 
e nem mais certos e confiantes de qualquer verdade.

terça-feira, 20 de março de 2012



"Estamos sozinhos em nossas escolhas,
e são nas cotidianas decisões solitárias
que a liberdade se materializa...
Descobri que liberdade é solidão".